Pais obesos têm filhos obesos?

Hoje já é conhecida a relação que existe entre a obesidade dos pais e a obesidade dos filhos. Muitos dos pais obesos têm filhos obesos. Efectivamente, podemos responsabilizar os pais por esse determinismo genético. Antes de ter se planear ter filhos, é possível reverter o processo metabólico que conduziu ao aumento de peso. É o que que nos diz um estudo desenvolvido pela Universidade de Copenhaga e pelo Instituto Karolinksa de Estocolmo. A alimentação que se tem em casa, desde sempre, vai influenciar, em grande medida, a composição corporal. Mas há algo a fazer, antes de se ter filhos.

Os hábitos alimentares do pai vão influenciar os filhos?

Se tivermos bons hábitos alimentares, antes de termos filhos, vamos poder prevenir a tendência para o excesso de peso e obesidade. Um grupo de investigadores Suecos e Dinamarqueses chegaram à conclusão que os pais podem transmitir os genes que controlam e regulam o apetite. Este fenómeno tem como nome herança lamarckiana.

Na verdade, é possível reverter esta tendência, antes de se ser pai, basta para isso mudar os comportamentos à mesa e ingerir alimentos saudáveis e ter atenção ao peso, pois o peso corporal é o factor que determina a condição genéctica. Até porque essa mudança de comportamento vai ser muito útil, depois do filho nascer, para que se mantenha o padrão de alimentação saudável, porque na prática os pais obesos têm filhos obesos. Se não fizer exercício físico, pode verificar o seu IMC, se estiver alto, recomendamos uma avaliação física mais completa, através da Bioimpedância.

Calculadora IMC

Fórmula IMC = Peso (kg) / Altura (m²)

  

Tabela para interpretação dos Resultados

IMCClassificação
Menor que 18,5Magreza
18,5 a 24,9Normal
25 a 29,9Excesso de Peso
30 a 34,9Obesidade grau I
35 a 39,9Obesidade grau II
Maior que 40Obesidade grau III

Após uma longa investigação, os cientistas concluíram que os pais gordos vão influenciar, por via da genética, a regulação do controlo do apetite e a composição corporal dos seus descendentes. Pais gordos vão ter filhos gordos e são geneticamente responsáveis por isso.

O pai segura o filho ainda criança, os dois são magros. Os pais obesos têm filhos obesos.

Só a futura mãe é que deve ter cuidados com o bebé?

Existe uma pressão normal sobre a mulher que engravida, no sentido de ter múltiplos cuidados com a alimentação, consumo de bebidas alcoólicas e hábitos tabágicos, contudo os pais também devem ter esses cuidados, antes de planearem ter filhos.

E os hábitos das crianças à mesa? Os pais obesos, normalmente têm filhos obesos, porquê?

É simples, se os pais têm maus hábitos e têm uma dieta descompensada, rica em gorduras saturadas, açúcares e ingestão calórica excessiva, os filhos, naturalmente, também vão reproduzir essa condição.

É sabido, há muito tempo, que as crianças com obesidade têm o dobro das células gordas das crianças saudáveis.

Esta condição vai-se manter pela vida fora, pois o número das células gordas depois de ser aumentado, permanece até ao fim da vida.

Estas crianças, quando chegarem à vida adulta e queiram aderir a um programa de emagrecimento, vão poder emagrecer sim, mas vão ter sempre o dobro das células gordas de uma pessoa saudável. O que irá acontecer é que essas células gordas vão poder diminuir o seu tamanho sim, porém a quantidade dessas células não vai diminuir. Este factor também contribui para que pais obesos tenham filhos obesos.

Pão, queijo e marmelada no fim da refeição? Pais obesos têm filhos obesos?

Existem hábitos alimentares com muitos anos em que, no fim de uma refeição completa ainda se remata com pão, queijo e/ou marmelada. Em Portugal, estes hábitos são muito comuns no norte e no Alentejo, mas também no ribatejo. Se estivermos atentos, verificamos que normalmente os pais obesos têm filhos obesos, no entanto, por vezes, também encontramos semelhanças de composição corporal dentro do mesmo grupo de amigos. Isto está relacionado com os hábitos comuns. E se, pais obesos têm filhos obesos é porque a alimentação é semelhante.

No caso do Alentejo existe um hábito secular, que é o pão. Se formos pensar, no século passado existia muita pobreza e fome nos campos alentejanos. O que as pessoas tinham para comer era pão, quando tinham o que comer. Esse pão era adornado com as ervas aromáticas e deu origem a diversos pratos típicos. A criatividade do povo alentejano transformava o pão seco em verdadeiros petiscos como as migas de espargos, por exemplo.

As diversas maneiras de comer pão foram aparecendo para colmatar a necessidade de dar sabores ao pão e diversificar os “pratos”. Este hábito perpetuou-se no tempo e ainda hoje, o pão, que é um hidrato de carbono, está presente à mesa em refeições que já têm presentes os hidratos de carbono. A consequência desta situação é que facilmente são ultrapassadas as necessidades de hidratos de carbono e como é sabido o que é ingerido a mais fica no organismo, convertendo-se em gordura corporal.

Este contexto de valorização do pão, como alimento essencial, também ajuda a explicar porque é que pais obesos têm filhos obesos. Se o prato já tem arroz, porquê acrescentar pão?

Outro aspecto que decorre do século passado é precisamente a preocupação que as pessoas tinham em estarem bem alimentadas. Uma criança “redondinha” é considerada saudável pelas bitolas mais antigas, visto que é sinal de ausência da tal fome que, durante séculos, amedrontava muitas famílias. Também por razões culturais, educativas, sociais, económicas os pais obesos têm filhos obesos. A comida que nos faz aumentar o peso, é bem mais barata que a comida saudável. Este factor também contribui para que os pais obesos tenham filhos obesos.

As nossas avós super-bem intencionadas gostam de alimentar muito bem as crianças, contudo, esse excesso de alimentos, conjugado com a diminuição da actividade física, dos tempos actuais, colocou muitas crianças numa situação de excesso de peso.

Há bastante tempo que os investigadores temiam que era possível contrariar a tal herança genética falada anteriormente.

Em 2005 concluiu-se então que o peso é o factor determinante para a transmissão genética da tendência para o excesso de peso e obesidade, por via da regulação do apetite.

Em fases como as que vivemos em aparente abundancia, como a fase actual, onde existem muitos alimentos disponíveis, existe tendência para se comer mais.

Concluímos com uma chamada de atenção para os alimentos mais baratos como as bolachas, hambúrgueres, doces e comidas processadas, de uma forma geral.

Estes alimentos são de longe mais baratos, quando comparados com alimentos saudáveis como arroz, legumes, frutas e peixe fresco de mar. Então, nesse sentido, é urgente que a sociedade crie consciência para a origem dos alimentos. Não basta estarmos alimentados, devemos fazer boas escolhas. Devemos olhar para a alimentação como um investimento e não como uma despesa. As boas escolhas vão determinar a nossa saúde. Existem múltiplas razões que justificam que pais obesos tenham filhos obesos, não obstante há que fazer boas escolhas no supermercado.

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