Insuficiência cardíaca e treino
As pessoas que já desenvolveram insuficiência cardíaca têm limitações que são consequência do atrofiamento da musculatura esquelética periférica, o que leva a dificuldades de perfusão sanguínea que conduzem a uma diminuição da função cardíaca.
O Exercício físico tem efeitos surpreendentes em doentes com insuficiência cardíaca.
Quanto melhor for a condição física, melhor é a tolerância ao esforço físico. Quem faz exercício físico tem mais hipóteses de viver mais anos e com mais saúde, visto que o exercício físico actua de facto, como que um medicamento natural.
Alguns dos principais benefícios do exercício físico na insuficiência cardíaca:
- Diminuição da pressão arterial;
- Diminuição da frequência cardíaca de repouso;
- Aumento do colesterol bom (HDL);
- Redução dos triglicéridos;
- Redução da massa gorda;
- Melhoria do fluxo sanguíneo na musculatura periférica;
- Redução da adesividade das plaquetas.
O exercício físico, neste tipo de casos, melhora profundamente a qualidade de vida, tem um efeito muito positivo nos casos em que está associada a depressão e reduz significativamente a mortalidade.
Como deve ser um treino para uma pessoa com insuficiência cardíaca?
Classicamente, um treino tem sempre o aquecimento, a parte fundamental, onde são realizados exercícios cardiovasculares e exercícios de força e o retorno à calma, onde aparecem os alongamentos e o relaxamento.
Aquecimento (5 a 10 minutos)
No aquecimento devemos ter como objectivo a elevação dos indicadores de esforço, aumentando a frequência cardíaca e naturalmente permitindo uma adaptação dos músculos inspiratórios e expiratórios. Podemos incluir uma curta caminhada, um pouco de step ou clico ergómetro.
Parte Fundamental (20 a 30 minutos)
Exercícios de resistência muscular, situando-se entre 40% a 60% da intensidade máxima e/ou exercícios aeróbicos situando-se entre 40% a 60% da frequência cardíaca teórica máxima, portanto 220 BPM – Idade.
Retorno à calma (10 minutos)
Aqui aparecem os alongamentos, fundamentalmente, ao nível dos grupos musculares trabalhados, durante a parte fundamental da sessão de treino e um relaxamento progressivo, de modo a que a frequência cardíaca possa voltar ao normal, progressivamente.
Naturalmente que a duração dos exercícios, a escolha dos mesmos e a sua intensidade dependem sempre da situação específica de cada aluno.
Quais os cuidados que devem ser tidos em conta quando existe insuficiência cardíaca?
- Realizar o teste de esforço, em contexto clínico;
- Deve existir uma prescrição médica, tendo em conta o quadro de insuficiência cardíaca do paciente;
- Os intervalos de intensidade para portadores de Insuficiência cardíaca e o treino, quer para os exercícios de força, quer para os exercícios cardiorrespiratórios, devem ser actualizados sempre em função da supervisão médica;
- Os exercícios de peitoral, como o supino normal, inclinado ou declinado, não devem ser intensos e demorados e em alguns casos nem devem constar do plano de treino;
- Evitar a manobra de valsava (apneia) visto que o bloqueio da respiração leva a uma diminuição do fluxo de sangue ao nível do coração e consequentemente um aumento da pressão arterial;
- Monitorizar a frequência cardíaca durante o treino;
- Monitorizar a pressão arterial antes, durante e no fim do treino;
- Ficar vigilante em relação a sintomas cardíacos, tais como as arritmias e alterações de pressão arterial;
- Controlar o ambiente onde se realizam os exercícios, evitar ambientes quentes.
Hoje é sabido que o exercício físico, de uma forma geral, é algo que deve fazer parte do quotidiano de quem tem insuficiência cardíaca. O aumento do calibre da artéria, em consequência da prática de exercício físico é das adaptações fisiológicas ao esforço físico mais espantosas que encontramos.
Ao aumentarmos o calibre das artérias, o coração irá fazer muito menos esforço e estará a funcionar em pleno, enviando o sangue necessário que também será melhor entregue nos tecidos, visto que a perfusão sanguínea de quem faz exercício é muito superior do que quem não faz.
A frequência cardíaca de repouso e a rapidez com que se recupera do esforço são dois dados importantíssimos para podermos avaliar a condição física.
Na Fiquemforma estamos sempre atentos ao perfil cardíaco dos nossos alunos, desde o menos preparado até ao atleta. Quando maior for o batimento cardíaco de repouso, menor é a capacidade física e menor é a força contráctil do miocárdio. Na verdade, o coração de uma pessoa pouco preparada, bate mais vezes porque a bomba cardíaca não consegue enviar tanto sangue de uma só vez, como a bomba cardíaca de uma pessoa com boa aptidão cardiovascular.